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Jardinagem: Arte de Cultivar os Jardins

Hoje, plantando sementes da flor Amor Perfeito percebi o quanto a jardinagem é parecida com o amor. Na quarentena, aproximei-me ainda mais do cultivo das plantas: aprendi mais, testei mais, errei mais e também fiz descobertas surpreendentes. Percebi principalmente que a jardinagem não é perfeita, nem o amor. Ambos não são uma ciência exata. Talvez também por isso sejam tão interessantes.

E que é preciso saber antes de tudo, a deixar as coisas, por vezes, serem sozinhas, sem o nosso controle egoísta, pois cada etapa tem seu tempo. A jardinagem envolve conhecimento, dedicação, espera e paciência.

O amor precisa da mesma espera e cultivo. Cada passo de um relacionamento pede um olhar de cuidado específico, pois o outro não caminha no mesmo tempo que a gente. Cada um tem seu tempo para florescer. Nem sempre precisamos ser o foco, nem sempre nossas dores são as mais importantes, nem sempre estamos com a razão.

Amor próprio é fundamental, mas saber que não somos o centro do mundo é igualmente importante.

Plantar ensina a gostar dos erros, a aprender o caminho da paciência, deixando a vaidade de lado quando as coisas saem do nosso controle, para aceitar com humildade a ajuda amiga de alguém, que tenha mais experiência.

Plantar e amar: é buscar a terra especifica, o adubo, sementes, experimentar deixar o vaso alguns dias numa área arejada, outros dias dentro de casa. Proteger da chuva, do frio, do vento. Não saber qual semente vai vingar ou não. Saber que a planta pode morrer igualmente de sede ou afogada. Saber que faz sujeira! E encontrar a melhor estratégia para os imprevistos do percurso.

É sobretudo suportar dúvidas! É sobretudo olhar com atenção para além de si mesmo!

O amor nos devolve o mesmo aprendizado, pois os erros do caminho podem ser usados para construir pontes e não barreiras.

Plantar pode te fazer amar a simplicidade das coisas, sejam os brotinhos que surgem (como bebês), uma mudinha que você pede para alguém ou doa. É um tempo para repensar os problemas, despir os preconceitos, apreciar o novo, o crescimento, os detalhes, o simples, descobrir caminhos, perder e ganhar.

O amor reside na simplicidade e só é possível permanência, pela construção/plantio de pequenos gestos/sementes.

Lembre-se: não se colhe abacates plantando mangas.

 

Ana Paula Lima Pereira: Psicóloga Clínica,  especialista em teoria psicanalítica,  membro do CEEPU e do LIPA ( Laboratório de Investigação Psicanalitica da Adolescência ). @analimapsicologa

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