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Em tempos de isolamento, a possibilidade do encontro…

Aconteceu nessa última quinta-feira, dia 30/07, o “I Encontro com Freud” – Coordenadores e participantes dos módulos fundamentais de Freud, numa rica troca de experiências, permeada por poesias, criatividade e expressões de gratidão. Dentre tantas falas, um destaque para esses dois textos, que compartilhamos no nosso site. A primeira é de autoria do Michel, participante do módulo I, que a partir de sua experiência de aprendizado em grupo concebeu esse belo poema. O segundo é uma nota do Fernando Pessoa, que de maneira poética nos apresenta o fazer analítico.
As poesias já estão no nosso site. Vejam www.ceepu.com.br
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O amor pela verdade

Existe em mim um desejo. Na verdade, vários. Eles carregam consigo aquilo que me representa do jeito mais ambíguo nas minhas relações de amor e ódio. Neles. reside o sentido, o navio que me conecta, mas que me naufraga, que me afunda, mas que sustenta. É o desejo que detém e possui minha verdade. E nessa verdade, a luz me envolve. me engole, me pertence. A luz da verdade queima, e sara também. Dói saber. Cura saber. Qual me vale mais?
Mas dói saber.
Acredito, pois só nessa angústia posso crer e confiar. Somente nela posso ser. Só com essa dor de saber posso conhecer a verdade. A minha. Mas vai doer saber. E esse meu preço, posso pagar? E será que a verdade desse rio, do fluxo das inúmeras verdades em meus desejos, é tão cara assim que não valha a pena pagar?
Bom, vou consertar minha jangada e encarar o mar, o rio, os lagos, até que isso um dia me quebre por inteiro. E que eu descubra as novas formas que os cacos de mim podem tomar. Esse é o meu amor pela verdade.

Michel Rodrigues Guimarães

 

Nota Preliminar

O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.
A primeira é a simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar.
A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja.
A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; tem, porém, que fazê-lo depois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não tiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado.
A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese; e a compreensão é uma vida. Assim certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou no mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes.
A quinta é a menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo.

Fernando Pessoa

 

 

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